Brasileira que disse ter sofrido ataque neonazista na Suíça é multada
A brasileira Paula Oliveira, de 27 anos, que em fevereiro de 2009 simulou ter sido vítima um ataque de neonazistas próximo a Zurique, na Suíça, foi condenada nesta quarta-feira (16) por mentir e “induzir a Justiça ao erro” e vai ter que pagar uma multa no valor de 10.800 francos (cerca de R$ 18 mil.
A multa equivale a 90 dias multiplicados por 120 francos diários.
A juíza Nora Lichti-Aschwanden, do tribunal de distrito de Zurique, considerou a brasileira responsável por seus atos e por falsas declarações.
Para a juíza, que anunciou a sentença diante de uma sala lotada e cerca de 40 jornalistas, a acusada “sabia que estava prestando queixa por um fato que nunca existiu” e “a capacidade de compreensão dela estava intacta”.
Entretanto, a juíza admitiu uma “culpabilidade reduzida” da jovem, aceitando a perícia psiquiátrica que reduziu para nível “médio” a responsabilidade da ré.
Estas constatações levaram a juíza a pronunciar uma pena relativamente branda, que deverá “servir de lição” à brasileira, afirmou.
Além disso, ela terá de pagar outra multa, de 2.500 francos, e arcar com as despesas judiciais. Para o pagamento das multas, no entanto, ela recebeu um prazo de dois anos.
Seus documentos de identidade foram devolvidos, e ela poderá voltar ao Brasil.
Pedido de absolvição
O advogado da brasileira Paula Oliveira, que denunciou ter sofrido uma agressão xenófoba na Suíça em fevereiro, mas dias depois admitiu que havia se automutilado, havia pedido a absolvição da cliente na abertura do julgamento em um tribunal de Zurique.
Roger Muller, o advogado da jovem de 27 anos, havia pedido ao tribunal do distrito de Zurique a absolvição, ao afirmar que ela não pode ser considerada responsável por seus atos e declarações.
A defesa alegava que Paula sofre transtornos neuropsicológicos provocados por uma doença autoinmune, o lúpus sistêmico. “A doença exige muitas visitas médicas, muitos medicamentos e muitas terapias, que podem provocar delírios”, explicou o advogado.
A avaliação psiquiátrica apresentada ao juiz considerava que a responsabilidade da jovem era de nível médio.
A acusada, vestida de negro e acompanhada por seu pai, respondia às perguntas do juiz com a ajuda de um intérprete.
“Fui agredida”, disse ela. “Esta versão dos fatos corresponde à verdade que tenho registrada em minha cabeça.”
A jovem disse ter confessado ter inventado a história “para que o assunto fosse encerrado o mais rápido possível”.
Ao final do julgamento, segundo a edição on-line do jornal suíço “Tages Anzeiger”, Paula lamentou a exposição do caso na imprensa internacional, e disse não ter sido responsável pela divulgação da notícia de que teria sido atacada por neonazistas.
“Eu nunca dei declarações ou publiquei fotos minhas. Depois de toda a atenção da mídia, não posso imaginar que serei capaz de trabalhar como advogada. Sempre terei que viver com o prejulgamento, apesar de só agora estar perante uma corte”, disse a brasileira.
Segundo a BBC, Paula disse à juíza que confessou ter inventado a história porque estava em estado de choque, “para que o assunto fosse encerrado o mais rápido possível” e para escapar também ao assédio da imprensa.
O caso
A acusada, jurista de formação, afirmou em fevereiro passado ter sido agredida na noite de 9 de fevereiro, na periferia de Zurique, por três neonazistas. Também disse que estava grávida e que havia sofrido um aborto depois da agressão, uma informação desmentida pelos exames ginecológicos.
O ventre da ré apresentava marcas feitas por um estilete que, segundo a acusação, foi obra da própria Paula.
O caso e as imagens provocaram grande comoção no Brasil.
Fonte: G1
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