dailymotion-domain-verification-bf8367051eadca91-dmebea1o8ssgrxz1l Jacir Holowate: 30 de setembro de 2010 stat counters

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Cristão e o Luto

Para a maioria das pessoas a morte é uma interrupção cruel da vida. O grande paradoxo é que se nasce com uma certeza absoluta apenas: a morte. Sim, ela é dolorida porque interrompe o que era bom: viver, estar com as pessoas que se ama, planejar e sonhar, realizar. Morte significa perda. Mas, para o cristão também significa ganho. Paulo diz: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp. 1:21).

Será que o cristão realmente é capaz de enfrentar a morte de maneira diferente do que aquele que não tem a certeza da vida eterna? Segue uma pequena reflexão sobre perda e luto.

Será que as igrejas preparam os crentes adequadamente para o período do luto?


De maneira geral, acho eu que não. A igreja enfatiza a esperança eterna, a certeza do reencontro com os amados que partiram, a presença eterna gloriosa com o Salvador, o fim da dor e das lágrimas. Estas ênfases são úteis e bíblicas, são próprias do Cristianismo.

Mas, luto é tempo de muitas emoções doloridas. Parece-me que não conseguimos ajudar as pessoas a aceitar e vivenciar os seus sentimentos de pesar. Todos passam por crise quando morre uma pessoa amada, toda perda desencadeia depressão. Estes fatos com freqüência não são levados em conta no acompanhamento de luto. Evita-se falar da dor com racionalizações. Tenta-se consolar a pessoa com frases como: “Ele/ela agora está na Glória, descansando de seu grande sofrimento!”; ou: “Você é cristão! Não convém chorar por muito tempo, isso daria um mau testemunho a respeito de sua fé!”

Quando morre alguém da família, um mundo de coisas desaba. Por temer falar sobre a morte, assuntos não foram tratados preventivamente: não se fez o testamento, não se planejou com quem iriam ficar os filhos ainda dependentes, não se pediu perdão por erros, etc. Tais pendências demandam ajuda prática. A viúva que nunca foi ao banco porque o marido fazia isso, agora precisa aprender. Os pais cujo filho de 8 anos morreu precisam saber o que fazer com os pertences. A igreja pode ajudar.

A Bíblia nos mostra que o choro faz parte do luto. Quando Absalão, o filho do rei Davi morreu perfurado por uma espada, pendurado num galho pelos seus lindos cabelos, lemos da reação chocante do “homem segundo o coração de Deus”: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (2 Sm. 18:33b). Dá para sentir a comoção do enlutado nessas palavras? Jesus não censura o desespero de Marta e Maria quando Lázaro morreu em Betânia (Jo. 11). A tristeza era generalizada quando Pedro encontrou as amigas de Dorcas chorando (At. 9:39-40). Assim, o choro e o lamento naturalmente fazem parte do luto, o consolo e a permissão de muito tempo para o luto também (Nm. 20:29).

Algumas pessoas sentem aversão diante da idéia da morte ou do morto. A aversão à morte é apenas uma face da contemplação da morte. A curiosidade e o fascínio certamente constituem o outro lado. A idéia da morte está associada à dor e sofrimento, ao medo da desintegração e da perda do objeto amado. Quando o ser humano está sob ameaça, ele tem sentimentos fortes para que reaja com providências auto-protetoras. O mesmo acontece com a idéia da morte. A aversão que se sente em ver o morto pode significar a negação, a não aceitação da morte. Tal pessoa precisa urgentemente de ajuda espiritual.

Às vezes me perguntam o que eu acho sobre cultos memoriais. O cristão evangélico repudia cultos em memória quando se tem a idéia de que o falecido é beneficiado pelo ritual. Não se ora pelos mortos! Mas, cultos memoriais podem ter efeitos terapêuticos para os vivos. Pode-se rever a vida e os valores que se viveu. Se alguém não chorou, pode ainda fazê-lo. É claro, celebrações memoriais em que se “pinta” uma imagem que o falecido de fato não teve, tornam a atividade tragicômica e hipócrita, instigando ira, ódio e raiva a quem sofreu na convivência com o falecido.

Como ajudar pessoas na 'elaboração' e 'fechamento' do luto? Perder alguém é entrar em crise. Portanto, quem perde deve ter alguém com quem possa falar. Muito! Ouvir com interesse, sem querer dar muitas orientações. Depois, pode-se ajudar os vivos a enterrar o seu morto (psicologicamente e praticamente), a reorientar a sua vida, a resolver coisas práticas como o trabalho, as finanças, moradia, etc.

Em geral, após um mês, ninguém mais fala do falecimento, mas, a família ainda está em luto. O consolo e a presença de pessoas amáveis deve permanecer ainda por muitos meses.

O que facilita o luto para o cristão? Inequivocamente a certeza de salvação. Mas, existem alguns outros facilitadores do luto. Ter vivido intensamente o relacionamento, de modo feliz; ter construído em conjunto uma história que glorifica a Deus; ter lembranças boas, etc.

O luto é mais crítico em casos de morte inesperada, ou onde não se sabe como será a continuidade da vida diante da ausência da outra pessoa. Aí não há prevenção! Só se pode ajudar em nome de Jesus. Se houver sintomas de depressão, procure-se urgentemente auxílio médico.

Por fim, aos enlutados resta apenas a promessa: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap. 21:4).

Solidariedade na Dor do Luto

Oração da Serenidade:
"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras."
    "A Oração da Serenidade fala em “aceitar as coisas que não podemos modificar”. A aceitação não deve ser confundida com a indiferença. A indiferença deixa do distinguir entre as coisas que podem e as que não podem ser mudadas. A indiferença paralisa a iniciativa. A aceitação libera a iniciativa, aliviando-a das cargas impossíveis. A aceitação é um ato do livre arbítrio, mas, para ser eficaz requer a coragem moral de se persistir apesar do problema imutável. A aceitação liberta o aceitante, rompendo-lhe as cadeias da autopiedade. Uma vez aceito o que não pode ser modificado, a gente fica livre para empenhar-se em novas atividades."
 
Eles Vivem
"Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te ensombre o coração.

Eles não morreram. Estão vivos.

Compartilham-te as aflições, quando te lastimas sem consolo. Inquietam-se com sua rendição aos desafios da angústia quando te afastas da confiança em Deus.

Eles sabem igualmente quanto dói a separação.

Conhecem o pranto da despedida e te recordam as mãos trementes no adeus, conservando na acústica do espírito as palavras que pronunciaste, quando não mais conseguiram responder as interpelações que articulaste no auge da amargura. Não admitas estejam eles indiferentes ao teu caminho ou à tua dor. Eles percebem quanto te custa a readaptação ao mundo e à existência terrestre sem eles e quase sempre se transformam em cirineus de ternura incessante, amparando-te o trabalho de renovação ou enxugando-te as lágrimas quando tateais a lousa ou lhes enfeitas a memória perguntando porque.

Pensa neles com a saudade convertida em oração.

As tua preces de amor representam acordes de esperança e devotamento, despertando-os para visões mais altas na vida. Quando puderes, realiza por eles as tarefas em que estimariam prosseguir e tê-los-ás contigo por infatigáveis zeladores de teus dias. Se muitos deles são teu refúgio e inspiração nas atividades a que te prendes no mundo, para muitos outros deles és o apoio e o incentivo para a elevação que se lhes faz necessária. Quando te disponhas a buscar os entes queridos domiciliados no Mais Além, não te detenhas na terra que lhes resguarda as últimas relíquias da experiência no plano material... Contempla os céus em que mundos inumeráveis nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz deles no próprio coração, a dizer-te que não caminharam na direção da noite, mas sim ao encontro de Novo Despertar."