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sábado, 20 de março de 2010

Pai & Filha

Qual o papel do pai na vida das filhas? Há diferenças entre educar raparigas e rapazes? É bom que haja diferenças? É saudável olhar para filhos e filhas de forma distinta? Que tipo de ligação une pais e filhas?


Encantam-se com elas, enchem-nas de mimos, juram amor eterno, protegem-nas das tempestades, espalham orgulho e vaidade. A relação entre pais e filhas é muito diferente da relação pais-filhos. Diferente nas palavras, nos afectos, nos abraços. Não é menos importante, nem menos especial. É apenas diferente. Porque homens e mulheres são diferentes, porque pai e mãe desempenham papeis diferentes também. «Obviamente, sem os discriminarem, é bom que os pais tratem filhos e filhas de forma diferente. Essa atitude dá coesão à identidade sexual das crianças, que é a base da sua identidade como pessoa. Um pai que trata as filhas de forma diferente dos filhos está a promover essa solidez na construção da identidade», explica Filipe Sá, psicanalista e docente no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Saber ver as diferenças é, afinal, desejável. «Educar é permitir a individualidade. A ideia que os filhos devem ser tratados todos da mesma maneira não faz sentido. As crianças são diferentes umas das outras, têm necessidades distintas», esclarece o pedopsiquiatra do Hospital D. Estefânia, António Trigueiros. Uma postura ainda mais correcta, defende o médico, quando se trata de filhos e filhas: «Rapazes e raparigas têm formas diferentes de sentir o mundo, isso obriga a que as relações com os pais tenham um carácter diferente.»
A diferença básica está no olhar do pai, elucida Filipe Sá. «Ele olha e vê coisas distintas nos meninos e nas meninas. Num rapaz vê um semelhante, numa rapariga vê o diferente.» Comportamentos diferenciados são, por isso, compreensíveis: «O desempenho físico é mais valorizado nos filhos, a capacidade afectiva é mais promovida nas filhas. É como se a menina fosse logo a mulher.» É bom que assim seja, explica Filipe Sá. «Um pai deve olhar para os filhos e não ter medo de ver diferenças.»
Pais e filhas desenvolvem uma relação muito particular. Onde se joga o presente e o futuro. «A rapariga necessita de ser admirada como "menina" pelo pai. Ser como a mãe ela já é. Ela agora precisa de ser reconhecida pelo outro, pelo diferente. O outro que pertence ao género que ela, um dia mais tarde, vai desejar», explicita Filipe Sá. A sedução infantil, mais frequente nas meninas, é apenas uma arma para «captar a atenção do pai de modo a que este valorize a graça, a beleza e o encanto das filhas.» É importante que ele corresponda, acrescenta o psicanalista. «Que valorize o feminino, que goste da mulher, situação diferente de gostar de mulheres.»

«O embaixador do mundo exterior»
O pai representa a descoberta. «Ajuda a criança a separar-se da mãe. É um ponto de partida no desenvolvimento», afirma António Trigueiros. O salto para a autonomia. Nas palavras de Filipe Sá, o pai «ajuda a criança a diferenciar o seu mundo do mundo materno e a criar espaço para outras relações. Surge como o terceiro, o vértice da relação».
Para as meninas, é alguém que lhes «organiza a diferença de sexos», afirma o psicanalista. Sendo tão diferente delas, «contribui para a identificação ao feminino.» O contacto físico é, por isso, muito importante, defende Filipe Sá: «O pai é o primeiro homem da vida das filhas. É essencial que seja conhecido do ponto de vista sensorial. Explorar o corpo do pai, onde tudo é diferente - a barba, a robustez muscular, o cheiro -, é uma descoberta.» Um passo para conhecer melhor o lado de lá da vida, o masculino. «As raparigas aproximam-se do pai porque querem conhecer o diferente. É como se o pai fosse o embaixador do mundo exterior.»
Há uma relação especial, com maior intimidade? António Trigueiros prefere o conceito de «modalidades de comunicação» diferentes: «Com os rapazes, a comunicação faz-se mais através da acção. Com as raparigas, os jogos são de outra natureza.»

Que há um maior encantamento do pai em relação às filhas, não restam muitas dúvidas. Filipe Sá confirma e apela: «Pode haver um encantamento muito saudável, desde que o rapaz não se sinta posto à margem. Um pai não se deve sentir culpado por estar mais encantado com certas facetas da filha e não do filho. Não se deve sentir culpado por valorizar coisas diferentes.»

«Quando o pai «passa à história»
Durante a infância, sobretudo entre os três e os cinco anos, pais e filhas desenvolvem uma relação de grande proximidade. Com muita sedução à mistura. Mas «crescer é resolver essa dependência», explica António Trigueiros. «O que volta a pôr a filha "no seu lugar", ou seja, o que normaliza a relação, é que o pai e a mãe se mantêm ligados e a criança não tem acesso àquela relacionamento.» A aproximação ao pai é um ponto de partida, «não de chegada». Depois, há que «abdicar dele para nos lançarmos na vida».
É comum as raparigas idealizarem muito o pai. E transportarem essa imagem na vida adulta. Quer tenham tido um pai muito presente ou, pelo contrário, muito distante. «Estes pais tomam uma dimensão excessiva e tornam-se figuras muito poderosas», elucida António Trigueiros. Mas, na vida adulta, «os pais são passado, eventualmente um pouco de presente, mas não podem ser o futuro.» Procurar no marido a figura do pai é natural, mas apenas em doses muito moderadas: «O companheiro tem de ter um "toque" de pai, mas isso não pode ocupar o espaço da relação.»
É importante estar aberta a «outros encontros», aponta Margarida Fornelos, psicóloga. «Transformar o pai que trazemos dentro de nós. Num desenvolvimento saudável, há uma altura em que o pai passa à história

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