dailymotion-domain-verification-bf8367051eadca91-dmebea1o8ssgrxz1l Mulheres de fase - Quais foram as suas? | Jacir Holowate stat counters

Audiencia do site

domingo, 25 de julho de 2010

Mulheres de fase - Quais foram as suas?

Depois de ler o texto de Cléo Araújo, uma cronista fantástica, o qual posto mais abaixo, fiquei me perguntando por quantas fases passei na minha vida.
Já tive a fase adolescente sonhadora, roqueira, baladeira, tímida, trabalhadeira, encrenqueira, de dançar lambada... hehe
Atualmente me encontro nas fases esposa e mãe. E você, quais já viveu?

Mulher de fases
Complicada e imperfeitinha?


Eu nem disfarço mais. Antes eu me preocupava se alguém sacasse esse meu estilo, digamos, versátil, mas hoje, assumo. Justo hoje que atravesso, desde meados de 1999, uma fase longa e equilibrada. Mas, no passado... Já fui várias “eus”. Se eu acreditasse em horóscopo jogaria toda a culpa das minhas múltiplas personalidades (que embora inúmeras, não co-existem, o que me ajuda a não ser diagnosticada como louca completa) no Zodíaco. Diria que é coisa do meu signo, Gêmeos, do meu regente, Mercúrio ou de meu elemento, Ar. Todos me imprimem, enfim, esse perfil volúvel, adaptável, duas caras, camaleoa.

Mas, como não sou chegada a esoterismo astrológico, e nem entendo os porquês dessas influências, analiso as fases da minha vida como momentos de aprendizado sobre mim mesma. Cada fase despertou um pouco de mim que eu não conhecia. Ao me analisar à distância, olhando para trás, percebendo perfis, acabei descobrindo que às vezes fui gente estranha. Mas que em outras vezes, espantosamente, até fui eu mesma. E fico tentando descobrir que fase é essa de mim, hoje, longa e equilibrada...

Eu vivi...

A fase peão : morando no interior de São Paulo era difícil não entrar na onda “fancy rodeo”. De rodeio mesmo tinha pouca coisa, mas de festas universitárias em arenas, serragem, cheiro de dejetos bovinos, caprinos e eqüinos, cervejas e música country (e sertaneja) tinha muito. As roupas eram parte essencial para a vivência dessa fase: calças da Wrangler de cores variadas (verde fungo, beterraba velho, pêssego morno), camisas de cores misturadas (que davam um trabalhão para acomodar dentro da calça da Wrangler tamanho extra-PPP), uma fivela de prata (ou ouro branco para as abastadas), chapéu Resistol preto e botinha texana de franjinha. A fase peã não durou muito, até porque eu nunca subi nem em mula, não dava para ficar pagando de gatinha rural.

Fase ouvir sertanejo e country: a fase anterior e essa co-existiram (sem nenhuma contradição). Shanya Twain, Rio Negro e Solimões, Teodoro e Sampaio, Alabama, Garth Brooks... Tudo valia na fase gatinha rural. Alguns countries, eu confesso, escuto até hoje. Mas as modas de viola ficaram no passado...

Fase advogada: séria, meia fina, scarpanzinho preto, blazer, camisa branca de golinha passada, pastinha... Isso no primeiro ano da faculdade de Direito. Durou até o dia do exame da OAB. Devo ter ido até o Fórum umas duas vezes na vida.

Fase vida saudável: essa todo mundo atravessa. Aquele momento em que a gente resolve comer mais fruta, acordar mais cedo, fazer esteira, tomar catorze litros de água por dia, fazer massagem. Mas se é só fase, não adianta. Basta um queijo prato numa bisnaga Seven Boys e você se vê de novo no estado natural.

Fase namorada adolescente: sempre muito séria, fidelíssima, apaixonada, romântica. Mesmo que a recíproca nem sempre fosse verdadeira. Nas fases namorada nenhuma outra fase co-existia. Era isso e ponto. Chata, muito chata!

Fase CDF: muitos livros, canetas grife-texto, anotações, noites em claro. Isso aconteceu tanto no colégio quanto num curto período da faculdade. Garrafas de café, promessas de primeiro lugar na FUVEST. Mas não rolou. Até porque, a fase seguinte sempre entrava no meio para atrapalhar o sucesso desta persona.

Fase baladeira: noitadas, madrugadas, ressaca. Sem saudade. Talvez um pouco. A de estar com um grupo de 25 amigas do peito para cima e para baixo, o tempo todo, toda hora. Mas dispenso voltar para casa com o sol nascendo três vezes por semana e ir dormir no banheiro do escritório. Sem saudade, veramente.

Fase dançarina: Flashdance e Footloose. A Era do Jazz dominou todas as meninas da minha idade por algum tempo. Minha vida era a apresentação no teatro municipal da minha cidade no final do ano, os ensaios e a linha em que eu ia dançar. Meu mundo era um padè-bou-rè.

Fase trabalhar em loja: adorava transformar meu quarto numa loja. Vendia camisola, porta-jóia, quadro, brinco, chinelo. Fazia uma lista de preços de todos os artigos do meu quarto, atendia as clientes imaginárias, mostrava para elas todas as opções, fazia cálculos, dava desconto, punha na sacolinha e a compradora imaginária ia para casa super feliz com a aquisição de um bichinho de pelúcia encardido. Era tão divertido! Trabalhei em loja de verdade uma única vez. Um ‘freela' na loja dos pais de uma amiga, na época de Natal. E confesso que não achei tão legal assim. A gente queria sair para passear na Galeria e não podia. Descobri que comprar era BEM mais legal do que vender.

Fase bruxa: gnomos, livros de magia branca, cristais, pirâmides, arruda, incensos, espelhos. Foi a fase em que a minha loja favorita era a Alemdalenda. Ainda curto ler receitas retiradas de livros de ‘bruxa', adoro saber os poderes secretos de um alecrim ou as faculdades afrodisíacas de um marisco, mas não compro mais gnomos de argila.

Fase falar italiano: eu tinha tanta certeza de que teria facilidade para o idioma! Mas tanta! Que achei que em um mês de aula intensiva estaria tinindo. Pronta para trabalhar como comissária da Alitalia ou para um estágio em uma escola de gastronomia em Padova. Descobri que entender era fácil, difícil era usar os tempos verbais do jeito certo. Fiquei com os básicos: passado, presente e futuro. Você nunca vai ouvir de mim a estrutura em italiano equivalente a “eu ia para escola”, “eu iria para escola” ou “eu fora para escola”. Ainda que essa última eu não use sequer em português.

Fase Paquita: qual a menina que foi loira aos 11 anos e não teve aquela vontadezinha de ser Paquita e dividir o palco com o Praga, o Dengue e ela, a maior de todas as loiras? Eu dava qualquer coisa por aquele shortinho ‘santropeito' branco, aquela fardinha de camurça (vermelha ou azul), aquelas botas brancas afofladas na altura do tornozelo e aquele chapéu de soldadinho de chumbo. Foi a fase em que a gente cantava “tudo pode ser, se quiser será, sonho sempre vem pra quem sonhar-aaar”. Acho inclusive que a Xuxa só gravava as músicas pensando nas meninas que queriam ser Paquitas.

Teve ainda a fase latina (de ouvir salsa, merengue, Gloria Estefan), a médica (essa, confesso, me persegue até hoje, vivo prescrevendo e dando diagnóstico para amigos, que às vezes ligam até na minha casa pedindo um remedinho) e a espiritual (quando eu pensei em ser freira na primeira série e quando eu achei que precisava de alguma fé que incluísse o fator corpo presente em um templo, uma imagem e uma devoção sincera – essa também permanece nas entoações do Pai Nosso, que sai da minha boca em situações extremas de forma automática e quase involuntária)... Mas... Existem também as fases que eu nunca atravessei...

A fase freqüentadora de academia, a fase esportista, a fase esposa, a fase mãe, a fase roupas hippies, a fase mochileira, a fase drogadita, a fase vegetariana... Existe um mundo ainda a ser explorado...

E hoje estou aqui. Vivendo o que, afinal? Seria uma entre-fases? Ou simplesmente estaria eu vivendo o final de todas elas. Sendo eu, só eu só, eu? Numa fase eu mesma?

0 comentários:

Postar um comentário

Antes de comentar, leia:
*Não serão permitidos comentários com ofensas pessoais.
*Não serão permitidos comentários com conteúdo. referente à pirataria.
*Os comentários devem ter ligação direta com o assunto.
*Não serão tolerados comentários com links para promover outros blogs e/ou sites.
*Se quiser deixar um link, comente com a opção OpenID.
*O comentário será lido antes de ser publicado e só será publicado se estiver de acordo com as regras.
*Os comentários não refletem a opinião do autor do site.
*O autor do site não se responsabiliza pelo conteúdo dos comentários postados por outros visitantes.